“É
pelos frutos que se reconhece a árvore.
É preciso qualificar cada ação segundo
o que ela produz:
chama-la má quando provém do mal,
boa quando nasce do bem.
Esta
máxima: ‘É pelos frutos que se reconhece a árvore’,
encontra-se textualmente repetida
várias vezes no Evangelho.”
(Resumo da doutrina de Sócrates e Platão – ESSE –
Allan Kardec)
Tríplice aspecto
“Uma religião científica, uma filosofia
religiosa, uma ciência filosófica,
modernas abordagens para antigos
conhecimentos que,
bem compreendidos, levarão a humanidade a uma nova era.”
(César Reis – RCE-04/12)
DEFINIÇÕES (Segundo o Aurélio)
Ciência: "Conjunto organizado de conhecimentos
relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a
observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Soma de conhecimentos
práticos que servem a um determinado fim".
Filosofia: "[do grego philosophía, "amor à
sabedoria".] Estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar
incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua
totalidade, quer pela busca da realidade capaz de abranger todas as outras,
(...), quer pela definição do instrumento capaz de apreender a realidade, o
pensamento, tornando-se o homem tema inevitável de consideração."
Religião: "Crença na existência de uma força ou forças
sobrenaturais, considerada(s) como criadora(s) do universo, e que como tal
deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s). Qualquer filiação a um sistema
específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética,
metafísica, etc. Modo de pensar ou agir, princípios."
ESPIRITISMO: CIÊNCIA, FILOSOFIA E
RELIGIÃO
O
Espiritismo, na sua feição de Consolador prometido pelo Cristo, apresenta três
aspectos diferentes: Ciência, Filosofia e Religião.
O Espiritismo é Ciência
O
Espiritismo é ciência porque estuda, à luz da razão e de pesquisas específicas
os fenômenos mediúnicos, isto é, os fenômenos provocados pelos Espíritos e que
são fatos naturais. Não existe o sobrenatural; todos os fenômenos, mesmo os
mais estranhos, têm explicação científica. Sintetizando, Kardec afirma: O
Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos
Espíritos, e de suas relações com o mundo corpóreo.
O Espiritismo é Filosofia
O
Espiritismo é uma filosofia porque dá uma coerente e exata interpretação da
vida. Toda filosofia gera uma ética. Sua força está na sua filosofia, no apelo
que dirige à razão, ao bom senso.Como filosofia, o Espiritismo compreende todas as consequências morais que dimanam das relações que se estabelecem entre nós e os espíritos.
O Espiritismo é Religião
O
Espiritismo é religião porque ele tem por fim a transformação moral do homem,
retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, para que sejam aplicados na vida
diária de cada pessoa. Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de
amor e caridade.
Segundo
Emmanuel, "a ciência, a filosofia e a religião constituem o triângulo
sublime sobre o qual a doutrina do espiritismo assenta as próprias bases,
preparando a humanidade do presente para a vitória do AMOR."
O
Espiritismo pode então ser simbolizado como um triângulo de forças espirituais,
em que a Ciência e a Filosofia vinculam à Terra o triângulo, constituindo-se um
campo nobre de investigações humanas, visando o aperfeiçoamento da humanidade.
A Religião é o ângulo divino que liga ao céu, edificando e iluminando os
sentimentos.
O ESPIRITISMO É FILOSOFIA
Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma
concepção própria do mundo, é uma filosofia. Neste aspecto, enquadra-se o
estudo dos problemas da origem e destinação dos homens, bem como a existência
de uma suprema inteligência, causa primeira de todas as coisas.
O Espiritismo é uma filosofia porque a partir dos fenômenos espirituais e dos fatos, dá uma interpretação da vida, explicando o porquê das dores, dos sofrimentos e das desigualdades entre as criaturas, e elucida as questões fundamentais da existência. Para todo efeito existe uma causa e esta causa pode estar nesta ou em vidas anteriores.
O Espiritismo é uma filosofia porque a partir dos fenômenos espirituais e dos fatos, dá uma interpretação da vida, explicando o porquê das dores, dos sofrimentos e das desigualdades entre as criaturas, e elucida as questões fundamentais da existência. Para todo efeito existe uma causa e esta causa pode estar nesta ou em vidas anteriores.
A
Doutrina dos Espíritos nos fala que:
- Deus é a inteligência
suprema, causa primeira de todas as coisas.
- Deus é o criador da matéria
que constitui os mundos e dos espíritos que são os seres que povoam o
Universo e que são perfectíveis por sua natureza.
- O espírito propriamente dito
é o princípio inteligente; sua natureza íntima nos é desconhecida; para
nós ele é imaterial porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos
matéria.
- Os espíritos são seres
individuais, têm um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito,
espécie de corpo fluídico, semelhante a forma humana e povoam o espaço
constituindo o mundo invisível.
- Os espíritos revestem-se
temporariamente de um corpo material.
- A encarnação é necessária ao
desenvolvimento moral e intelectual do espírito e para a realização das
Obras de Deus.
- O aperfeiçoamento do
espírito é o fruto de seu próprio trabalho; não podendo em uma única
existência corpórea adquirir todas as qualidades morais e intelectuais que
devem conduzi-lo ao objetivo que é o Progresso.
- A vida espiritual é a vida
normal do espírito; ela é eterna; a vida corpórea é transitória e
passageira; é apenas um instante na eternidade.
- Em consequência de seu
livre-arbítrio, uns tomam o caminho mais curto, que é o do bem, outros os
mais longos que é o do mal.
- Deus não criou o mal;
estabeleceu leis, e essas leis são sempre boas, porque ele é soberanamente
bom; aquele que as observasse fielmente seria perfeitamente feliz, mas os
Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e o mal veio
de sua desobediência.
- Deus sendo soberanamente bom
e justo não condena suas criaturas a castigos perpétuos pelas faltas
temporárias; oferece-lhes em qualquer ocasião meios de progredir e reparar
o mal que elas praticaram.
- Os espíritos, encarnando-se,
trazem com eles o que adquiriram em suas existências precedentes; é a
razão por que os homens mostram instintivamente aptidões especiais,
inclinações boas ou más que lhe parecem inatas.
- O esquecimento das
existências anteriores é uma graça de Deus que, em sua bondade, quis poupar
ao homem lembranças frequentemente penosas.
- Em suas encarnações
sucessivas, o Espírito, sendo pouco a pouco despojado de suas impurezas e
aperfeiçoado pelo trabalho, chega ao termo de suas existências corpóreas.
Pertence então à ordem dos espíritos puros.
O
ESPIRITISMO É CIÊNCIA
O espiritismo pode
ser definido como uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos
Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.
O Espiritismo é uma ciência de observação, e não o produto da imaginação. Os
espíritos não vieram dizer que haviam pessoas que morriam e continuavam se
sentindo vivas, mas provocaram a manifestação desses espíritos para que fossem
observados e analisados. Desta forma surgia a teoria.
As ciências não fizeram progressos sérios senão depois que os seus estudos se basearam no método experimental. Acreditava-se que esse método só poderia ser aplicado a matéria, mas o é também às coisas metafísicas.
O Espiritismo procede da mesma maneira que as ciências positivas, isto é,
aplica o método experimental. Fatos novos que se apresentam, que não podem ser
explicados pelas leias conhecidas, são observados, comparados, analisados e
partindo dos efeitos às causas, chega-se a lei que os rege; depois as consequências
são deduzidas e busca-se as aplicações úteis. Todos os princípios da Doutrina
dos Espíritos foram deduzidos por este método. Nenhuma teoria foi preconcebida.
O Espiritismo demonstra experimentalmente a existência da alma e da
imortalidade, principalmente através do intercâmbio mediúnico entre os
encarnados e os desencarnados; i.é.; entre o plano físico e o plano espiritual.
O conhecimento de um não pode ser completo sem o conhecimento do outro, eles se
completam.
Se o Espiritismo tivesse aparecido antes das descobertas científicas teria
abortado, como tudo que vem antes do tempo. A ciência do mundo, se não deseja
continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta
necessidade do Espiritismo, cuja finalidade Divina é a iluminação dos
sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem. (Gênese).
ESPIRITISMO É RELIGIÃO
O
Espiritismo é a religião porque tem por finalidade a transformação moral do
homem, retomando os ensinamentos de Cristo, para que sejam aplicados na vida
diária de cada pessoa. Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de
AMOR e CARIDADE, religando a criatura à sua origem divina.
Não possui
culto material, não tem rituais nem cerimônias, não possui símbolos, velas,
roupas e aparatos especiais, não admite o culto de imagens, não possui
sacerdotes nem ministros.
Não admite rotulação, assim não existem "Espiritismo de Umbanda", "Espiritismo de Mesa Branca" ou "Espiritismo Kardecista". É apenas "Espiritismo", que é baseado na Codificação.
Explica ao homem que ele é um Espírito livre em evolução, responsável direto pelos seus atos, e portanto pelos seus fracasso ou vitórias.
Não admite rotulação, assim não existem "Espiritismo de Umbanda", "Espiritismo de Mesa Branca" ou "Espiritismo Kardecista". É apenas "Espiritismo", que é baseado na Codificação.
Explica ao homem que ele é um Espírito livre em evolução, responsável direto pelos seus atos, e portanto pelos seus fracasso ou vitórias.
A fé espírita é a fé racionada e coloca a CARIDADE, o AMOR como a condição básica de evolução do Espírito, independente do credo.
Por isso não
diz "Fora do Espiritismo não há Salvação" e sim "Fora da Caridade não há
Salvação".
A caridade é a maior das virtudes porque proporciona aos homens colocar em prática o mandamento essencial que é "Amar ao próximo com a si mesmo".
A caridade é a maior das virtudes porque proporciona aos homens colocar em prática o mandamento essencial que é "Amar ao próximo com a si mesmo".
A
caridade abrange três requisitos essenciais:
- Benevolência para com todos
- Indulgência para com as
faltas do próximo
- Perdão às faltas alheias
. O que é o Espiritismo
. A Gênese
. Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa
Princípios Básicos da Doutrina
Espírita
1. Existência de Deus
Deus existe.
É a origem e o fim de tudo. É o criador, causa de todas as coisas. Deus é a
suprema perfeição, com todos os atributos que a nossa imaginação lhe possa
atribuir, e muito mais.
2. Imortalidade da Alma
Antes de
sermos seres humanos filhos de nossos pais, somos, na verdade, espíritos,
filhos de Deus. O espírito é o princípio inteligente do Universo, criado por
Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos
seus próprios esforços.
Como
espíritos, já existíamos antes de nascermos e continuaremos a existir, depois
da morte física.
Quando o
espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado. Quando
nasce para este mundo, dizemos que reencarnou; quando morre que desencarnou.
Desencarnado, volta ao Plano Espiritual ou Espiritualidade, de onde veio ao
nascer.
Os espíritos são, portanto, pessoas desencarnadas que, presentemente, estão na Espiritualidade.
Os espíritos são, portanto, pessoas desencarnadas que, presentemente, estão na Espiritualidade.
Criado
simples e ignorante, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino.
Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher
entre o bem e o mal. Desse modo, ele tem possibilidade de se desenvolver,
evolucionar, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como
um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos
cursos. Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la
encarnando no mundo e desencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir
mais conhecimentos, através das múltiplas experiências de vida.
A reencarnação, portanto, permite ao espírito viver inúmeras existências no mundo, adquirindo novas experiências, para se tornar melhor, não só intelectualmente, mas sobretudo, moralmente, aproximando-se cada vez mais de Deus.
A reencarnação, portanto, permite ao espírito viver inúmeras existências no mundo, adquirindo novas experiências, para se tornar melhor, não só intelectualmente, mas sobretudo, moralmente, aproximando-se cada vez mais de Deus.
Mas, assim
como o aluno pode repetir o ano escolar - uma, duas ou mais vezes - o espírito
que não aproveita bem sua existência na Terra pode permanecer
estacionário por muito tempo, conhecendo maiores sofrimentos, e atrasando, assim, sua evolução.
Não sabemos quantas encarnações já tivemos, e muito menos quantas temos pela frente. Sabemos, no entanto, que, como espíritos atrasados, teremos muitas e muitas encarnações, até alcançarmos o desenvolvimento moral necessário para nos tornamos espíritos puros.
estacionário por muito tempo, conhecendo maiores sofrimentos, e atrasando, assim, sua evolução.
Não sabemos quantas encarnações já tivemos, e muito menos quantas temos pela frente. Sabemos, no entanto, que, como espíritos atrasados, teremos muitas e muitas encarnações, até alcançarmos o desenvolvimento moral necessário para nos tornamos espíritos puros.
Nós não nos
lembramos das vidas passadas e nisso está a sabedoria de Deus. Se lembrássemos
do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram
ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles
atualmente. Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos,
nossos irmãos, nossos pais, nossos amigos, que presentemente se encontram junto
de nós para a reconciliação. Por isso, existe a reencarnação.
Certamente, hoje estamos corrigindo erros praticados contra alguém, sofrendo as
consequências de crimes perpetrados, ou mesmo sendo amparados, auxiliados por
aqueles que, no pretérito, nos prejudicaram. Daí a importância da família, onde
se costumam reatar os laços cortados em existências anteriores.
A
reencarnação, dessa forma, é a oportunidade de reparação como é também
oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando
nossa evolução espiritual. Quando reencarnamos, trazemos um "plano de
vida", compromissos assumidos durante a espiritualidade e perante nós
mesmos, e que dizem respeito à reparação do mal e à prática de todo o bem
possível. Dependendo de nossas condições espirituais, podemos ou não ter
escolhido as provas, os sofrimentos, as dificuldades que provarão nosso
desenvolvimento espiritual.
A reencarnação, portanto, como mecanismo perfeito da Justiça Divina,
explica-nos porque existe tanta desigualdade de destino das criaturas na Terra.
Pelos mecanismos da Reencarnação, verificamos que Deus não castiga. Somos nós
os causadores dos próprios sofrimentos, pela lei da "ação e reação".
4. Pluralidade dos Mundos Habitados
Nem todas as
encarnações se verificam na Terra. Existem mundos superiores e mundos
inferiores ao nosso. Quando evoluirmos, poderemos renascer num planeta de ordem
elevada. O Universo é infinito e "na
casa do Pai há muitas moradas", já dizia Jesus.
A Terra é um mundo de categoria moral inferior, haja visto o panorama lamentável em que se encontra a humanidade. Contudo, ela está sujeita a se transformar numa esfera de regeneração, quando os homens decidirem a praticar o bem e a fraternidade reinar entre eles.
"Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes." (O Livro dos Espíritos, questão 55)
5. Comunicabilidade dos Espíritos
Os espíritos
são seres humanos desencarnados. Eles são o que eram quando vivos; bons ou
maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres,
verdadeiros ou mentirosos.
Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário, eles têm as suas ocupações, como nós, os encarnados, temos as nossas.
Não há lugar determinado para os espíritos. Geralmente os mais imperfeitos estão junto de nós, por causa de nossas imperfeições. Não os vemos, pois se encontram numa dimensão diferente da nossa, mas eles podem ver-nos e até conhecer nossos pensamentos.
Os espíritos agem sobre nós, mas essa ação é quase que restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais: essas pessoas são chamadas médiuns.
Pelo médium,
o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e quiser. Essa comunicação
depende do tipo de mediunidade ou de faculdade do médium: pode ser pela fala
(psicofonia), pela escrita (psicografia), etc... Mas, toda e qualquer
comunicação não deve ser aceita cegamente; precisa ser encarada com reserva,
examinada com o devido cuidado, para não sermos vítimas de espíritos
enganadores. A comunicação depende da conduta moral do médium. Se for uma
pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e
manifestação de bons espíritos.
É preciso ficar alerta contras as mistificações e contra os falsos médiuns, que
tentam iludir o público menos avisado em troca de vantagens materiais. Por
isso, é importante que, antes de ouvir uma comunicação, a pessoa se esclareça a
respeito do espiritismo.
Fonte:
"Iniciação ao Conhecimento da Doutrina Espírita"
"Iniciação ao Conhecimento da Doutrina Espírita"
livreto
elaborado pelo CE "Caminho de Damasco" - Revue Spirite - dez/1868
Livro dos
Espíritos Allan Kardec
As
Leis Morais
A Lei Divina ou Natural
Do ponto de vista científico, uma
lei é uma regra que descreve um fenômeno que ocorre com certa regularidade, não
tendo o poder de determinar que um fato qualquer deva ou não ocorrer. Ela
apenas verifica a sua ocorrência, analisando as causas e os efeitos
relacionados com o evento. Ainda do ponto de vista científico, uma lei natural
é um enunciado de uma verdade científica, assim compreendida no âmbito de um
paradigma científico. Deve ter certas características de generalidade e
abrangência, a fim de poder ter um aspecto prático. Por outro lado, deve também
ser falseável, no sentido em que possa ser refutada, tanto lógica como
experimental. Caso contrário, poderia ser enquadrada como religião, filosofia,
arte ou qualquer outra atividade do gênero humano, mas nunca como ciência.
Filosoficamente falando, no entanto,
a lei natural é a que o home conhece pela luz natural de sua razão, enquanto
implícita na natureza das coisas. É uma participação da lei eterna na criatura
racional, uma impressão em nós da luz divina, pela qual podemos discernir o bem
e o mal. Para ser considerada como lei natural, deve trazer características de
imutabilidade, tanto intrinsecamente como extrinsecamente falando. Assim, a lei
natural é imutável em si mesma, e seus princípios não podem desaparecer da
consciência, embora possa ser admitida e a realidade de certo progresso do
direito natural, no sentido de que, pelo avanço da civilização, pelo
desenvolvimento e extensão do saber, possa ser produzido pouco a pouco um
aperfeiçoamento das exigências da lei natural. De forma semelhante, a lei
natural é também imutável extrinsecamente, no sentido de que é ilícito tanto
ab-rogá-la, transgredi-la, mesmo parcialmente, ou dispensá-la tanto quanto é
impossível à criatura renunciar, no todo, ou em parte, à sua natureza.
Em o Livro dos Espíritos, na questão 614, está definido que a lei
natural é a lei de Deus. Única verdadeira
para a felicidade do homem, porque lhe dá a indicação do que deve fazer ou
deixar de fazer para ser feliz. A Lei Natural está escrita, portanto, na
consciência do homem, facultando-lhe discernir entre o bem e o mal. Na questão
647, está dito que a lei de Deus encerra todos os deveres dos homens uns para
com outros. Observe-se, entretanto, que a Lei Natural não envolve só a relação
entre os homens, mas uma consciência ética mais abrangente, incluindo tudo que
existe em a Natureza. A Lei de Justiça, Amor e Caridade trazida por Jesus Cristo
está contida nela e serve como uma precisa regra de conduta. O homem deve, no
entanto, ampliar sua percepção para a necessidade de assegurar harmonia, não só
nas relações com os seus semelhantes, mas também com todas as criaturas da
Natureza.
A Moral segundo o Espiritismo
Na questão 629 de o Livro dos Espíritos encontramos a
definição de moral como sendo a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o
bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus, fazendo com que o homem só
proceda bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de
Deus. O bem é, portanto, tudo o que está conforme a lei de Deus; e o mal, tudo
que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus.
Fazer o mal é infringi-la.
As Leis Morais como divisão da Lei
Natural
De acordo com a questão 648 de o Livro dos Espíritos, a divisão da lei
natural em dez partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução,
conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim,
a de justiça, amor e caridade foi feita por Moisés e tem o propósito de
abranger todas as circunstâncias essenciais da vida. Essa divisão nada tem de
absoluto, como não o tem nenhum dos outros sistemas de classificação, uma vez
que todos dependem do prisma pelo qual se considere o que quer que seja. Dentre
essas partes, a Lei de Justiça, Amor e Caridade é a mais importante por ser a
que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume
todas as outras.
A Lei de Justiça, Amor e Caridade
“Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda tua alma, de todo o teu
espírito; este o maior e o primeiro mandamento. Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (Matheus,
22:37-40)
Justiça
De acordo com a questão 875 de o Livro dos Espíritos, a justiça consiste
em cada um respeitar os direitos dos demais. Esses direitos podem ser naturais
ou adquiridos com base nas leis humanas. Os direitos naturais são imutáveis e
iguais para todos, independendo de época ou de cultura. São estabelecidos pela
Lei Natural e escritos na consciência humana. Entre outros, estão nesta
categoria: o direito à vida, o direito ao meio ambiente saudável, o direito à
liberdade, o direito ao trabalho e à legitima propriedade como fruto desse
trabalho. Na medida em que o homem desenvolve uma consciência ética, os códigos
de direitos humanos tendem a se aproximar do direito natural. Na questão 876
está estabelecida a regra da efetiva justiça pela palavra do Cristo: “Queira cada um para o outro o que queira
para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça,
fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. ...”. O
direito pessoal é, pois, baseado no direito do próximo. O limite do direito de
cada um é aquele que ele reconhece ao semelhante, em idênticas circunstâncias e
reciprocamente (questão 878).
O do verdadeiro justo, a exemplo de
Jesus, é aquele que pratica a justiça em toda sua pureza, porquanto pratica
também o amor ao próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.
Amor
São Vicente de Paulo, respondendo à
questão 888 de o Livro dos Espíritos,
orienta: “(...) Amai-vos uns aos outros, eis
toda a lei, lei divina, mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a lei
de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor para a
matéria orgânica (...)”.
O amor de acordo com a Lei de Deus
deve ser incondicional, abrangente, para com todas as criaturas de Deus,
incluindo os inimigos. O sentimento do amor incondicional implica misericórdia,
perdão, indulgência e a retribuição do mal com bem.
Caridade
De acordo com pequeno dicionário de
Aurélio Buarque de Holanda, caridade é o sentimento que nos leva a poupar
alguém a quem deveríamos ou poderíamos castigar, punir; o mesmo que
complacência, benevolência, condescendência. No verdadeiro sentido, como entendia
Jesus, significa benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições
dos outros, perdão das ofensas. (questão 886 de o Livro dos Espíritos).
A caridade envolve as ações
destinadas a prover recursos materiais àquele que necessita (caridade material),
mas, sobretudo, qualquer ação destinada a proporcionar o bem-estar daqueles que
necessitam (caridade moral). A caridade é manifestação do amor, isto é, é o
amor em ação. Enquanto o amor é um sentimento que predispõe ao bem, a caridade
é a ação que consubstancia este bem. O amor é a caridade e a caridade são,
pois, o complemento da lei da justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o
bem que nos seja possível e que desejarmos nos fosse feito. Tal o sentido
destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos
outros. (questão 886 de o Livro dos
Espíritos).
São Vicente de Paulo respondendo à
questão 888 de o Livro dos Espíritos,
orienta: “(...) A verdadeira caridade é
sempre bondosa e benévola; está tanto no ato como na maneira por que é
praticado... Lembrai-vos também de que, aos olhos de Deus, a ostentação tira o
mérito ao benefício. Disse Jesus: “Ignore a vossa mão esquerda o que a direita
der”. Por essa forma, ele vos ensinou a não tisnardes a caridade com o orgulho
(...)”.
Existe uma dinâmica na relação entre
justiça, amor e caridade. A justiça pode ser considerada um valor natural que
Deus infunde na consciência humana. O amor pode ser visto como um sentimento
que predispõe o homem a requerer o bem de seu semelhante, a caridade pode ser
vista como um comportamento que se manifesta pela ação de fazer o bem a seus
semelhantes. Assim, caridade implica amor, amor implica justiça, justiça
implica caridade e vice-versa. Essa é a dinâmica da Lei.
Jorge
Cerqueira Pedreira
(Administrador
de empresas, escrito e expositor espírita, diretor do Lar Fabiano de Cristo.)
Revista
Cultura Espírita – Ano IV – N° 37 – Abril/2012
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A Ciência confirma o poder da fé!
(A Voz da UMEN – Ontem, Hoje e Amanhã. Boletim Informativo Eletrônico. Ano 2 – N° 03 – Abril/2012)
“... pois em verdade vos digo que, se tiverem fé do tamanho de um grão
de mostarda, dirão a um monte, muda-te daqui para lá, e assim se dará; e nada
vos será impossível.” (Mateus 17:20 )
Os estudos científicos realizados em
diversas universidades de todo o mundo, estão simplesmente comprovando o que
nós religiosos já sabíamos, sobre os benefícios da fé em nossas vidas.
Os incrédulos em relação ao tema, que
além de não acreditarem nos efeitos da fé, e que, além disso, ainda escarneciam
e zombavam dos religiosos, tidos por eles como tolos, hoje em dia estão
com sérias dificuldades para continuarem com suas opiniões infundadas em confronto
com as pesquisas científicas que estão trazendo os resultados comprobatórios
dessa realidade.
Acontece que agora, esses nossos
irmãos sem fé encontram-se perdidos em seus conceitos, sem seu principal
argumento para alegarem quando em conversas com nós outros religiosos, que
sempre cremos no poder da fé e da oração, e, combatidos por eles, com a
alegação de que nossa crença não condizia com a realidade, pois não era
confirmada pela ciência e que por isso, até provarem o contrário, não podiam
admitir essas ideias.
Vejamos a voz dos cientistas após minuciosos estudos
realizados sobre o assunto:
Pesquisas científicas em diversas Universidades na
América do Norte e do Sul demonstram que a fé faz bem à saúde. Eles estudaram
milhares de pessoas e concluíram que as pessoas que têm uma religião vivem
mais.
A pesquisa reuniu resultados de 42 estudos em que se
entrevistaram 125 mil pessoas e mais de 10 mil casos de cura pela fé foram
registrados.
Os cientistas, dentre eles o neurocientista Jordan
Grafman, da Universidade de Sonoma na Califórnia e Andrew Newberg da
Universidade da Pensilvânia, agora acreditam que orar faz bem à saúde. Só não
conseguiram explicar o porquê, mas têm uma pista.
Acham que, rezando, os fiéis estimulam a parte do
cérebro responsável pelo sistema imunológico. (Revista Época On line - março
2009)
Sobre o assunto, recordemos o contido no item 5,
Cap.19 de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação
magnética. Graças a ela o homem age sobre o fluido, agente universal,
modifica-lhes as qualidades e lhe dá impulso por assim dizer irresistível. Eis
porque aquele que alia, a um grande poder fluídico normal, uma fé ardente, pode
operar, unicamente, pela sua vontade dirigida para o bem, esses estranhos
fenômenos de cura e de outra natureza, que antigamente eram considerados prodígios, e que entretanto não passam de consequências
de uma lei natural. Essa razão porque Jesus disse aos apóstolos: Se não
conseguistes curar, foi por causa de vossa pouca fé”.
Fontes:
1) Revista Época On line – março/2009.
2) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 19.
O que nos
dizem os Espíritos Superiores sobre a Fé
(A Voz da UMEN – Ontem, Hoje e Amanhã. Boletim Informativo Eletrônico. Ano 2 – N° 03 – Abril/2012)
A
FÉ RELIGIOSA. CONDIÇÃO DA FÉ INABALÁVEL
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em
dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus
artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada
examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso,
e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo.
Em assentando no erro, cedo ou
tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque
nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o
que é verdadeiro na
obscuridade, também o é à luz
meridiana. Cada religião pretende ter a posse
exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de
crença é confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
Diz-se vulgarmente que a fé não se
prescreve, donde resulta alegar muita gente
que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem,
o que ainda é mais certo, se
impõe. Não; ela se adquire e ninguém há
que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das
verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé
que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhe, ao encontro e, se a
buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.
Tende, pois, como certo que os que dizem: “Nada de melhor
desejamos do que crer, mas não o podemos”, apenas de lábios o dizem e não do
íntimo, porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos. As provas, no entanto,
chovem-lhes ao derredor; por que fogem de observá-las? Da parte de uns, há
descaso; da de outros, o temor de serem forçados a mudar de hábitos; da parte
da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força
superior, porque teria de curvar-se diante dela.
Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma
centelha basta para desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades
espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao
contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas
retardatárias. As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao renascerem,
a intuição do que souberam: estão
com a educação feita; as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação
por fazer. Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta existência,
ficará em outra.
A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes
provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé
necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se
deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século (1), tanto assim que
precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos
incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais
preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É
principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode,
com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no
espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada,
por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura
então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu.
Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de
frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da
incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada.
Nota: (1)
Kardec escreveu essas palavras no século XIX. Hoje, o espírito humano tornou-se
ainda mais exigente: a fé cega está abandonada; reina descrença nas Igrejas que
a impunham. As massas humanas vivem sem ideal, sem esperança em outra vida e
tentam transformar o mundo pela violência. As lutas econômicas engendraram as
mais exóticas doutrinas de ação e reação. Duas guerras mundiais assolaram o
planeta, numa ânsia furiosa de predomínio econômico.
Toda a esperança da
Humanidade hoje se apoia no Espiritismo, na restauração do Cristianismo,
baseada em fatos que demonstram os princípios básicos da Doutrina cristã:
eternidade da vida, responsabilidade ilimitada de pensamentos, palavras e atos.
Sem a Terceira
Revelação o mundo estaria irremediavelmente perdido pelo choque das mais
desencontradas ideologias materialistas e violentistas. – A Editora da FEB, em
1948.
Fonte: E.S.E. Cap.
XIX, itens 6 e 7.
A
FÉ RACIOCINADA DO ESPIRITISMO
(Francisco Rebouças)
A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar,
firmando-lhe as ideias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento
dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um
dia. É um ponto de apoio, uma luz que nos guia.
O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com
paciência e resignação; afasta-o dos atos que possam retardar-lhe a felicidade,
mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser conseguida.
A Bíblia e o Espiritismo
A palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural de biblion ou biblios= livro), portanto é um conjunto de livros.
Em hebraico, a Bíblia chama-se O TANACH (o vocábulo é masculino) e constitui o livro sagrado dos hebreus. Narra a história da saída de Abraão da cidade de UR na Caldéia em busca da terra prometida (CANAAN). A palavra “HEBREU” vem do hebraico “EVER” ( ‘ivri) e pode ter dois significados: Em Gen. 14,13, Ever ( hebreu) é uma denominação dada a Abrão. Desta forma, “ ‘ivrim ” seriam os descendentes de EVER, ( Abraão) e o termo designaria grupos étnicos.
Pode significar também “a outra margem”. Em Josué 24:2 diz-se que “além do rio” (B’ever hanahar) ficaram os países de vossos pais, e tomei vosso pai (Avraham), Abraão, da outra margem do rio...“refere-se aos povos que vieram do outro lado do rio Eufrates, de onde veio Abraão. Neste caso, o termo tem um significado geográfico, étnico e social”.
A Bíblia hebraica é constituída de 24 livros que narram toda a trajetória do povo hebreu e não possui o que nós ocidentais chamamos de “Novo Testamento”. Para as religiões ocidentais, a Bíblia divide-se em duas grandes partes, chamadas respectivamente de VELHO TESTAMENTO E NOVO TESTAMENTO, constituído, este último, dos livros sagrados do Cristianismo e das religiões dele derivadas ou seja: Igreja Católica, Protestante, Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Armênia, Copta, Maronita, etc. O termo “testamento” vem do hebraico (berit) que significa “Aliança”, do grego (diathéke) e finalmente no latim (testamentum), significando a antiga Aliança do Sinai para o judaismo e a Nova Aliança de Jesus, o Cristo para o cristianismo.
Existem portanto, como conseqüência, três tipos de Bíblia a definir: A Bíblia Judaica que para nós constitui o Velho Testamento, ou o Tanách com 24 livros, a Bíblia protestante com 66 livros e a Católica com 73 livros.
Ta-na-ch representa as iniciais dos três conjuntos de livros que formam a Bíblia hebraica: A Torá, Revelação ou Ensinamento que é formada pelos cinco livros de Moisés, que juntos formam o Pentateuco (no grego, penta = cinco + teuco= livro (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).Neviim ou Profetas, além dos livros que hoje chamamos de históricos. São em número de 8 livros.Ketuvim ou Escritos. Os Judeus designam por este nome, os livros dos Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester e Daniel, até aqui, são nove livros mais Esdra e Neemias ( um só livro) e as Crônicas I e II, - Divrei Iamim- ( um só livro), num total de 11 livros, perfazendo assim, um total de 24 livros. Este conjunto representa, para os ocidentais, o Velho Testamento. Conseqüentemente, a Bíblia Judaica não possui Novo Testamento.
É muito importante a necessidade de um estudo profundo e atualizado que traga um conhecimento novo para as verdades existentes na Bíblia. A Bíblia está repleta de passagens que trazem, através do povo hebreu, luzes para revelação de um monoteísmo, onde Deus é evidenciado como único e universal. Em todo seu conteúdo e história, encontramos passagens e fatos que ratificam e comprovam os fenômenos mediúnicos em suas várias categorias, através dos profetas, que eram na verdade grandes médiuns. O espírita não pode ficar à parte destes conhecimentos e preocupa-nos muito a visão equivocada de alguns com relação à Bíblia. A grande maioria dos cristãos divide a Bíblia em Velho e Novo Testamento, afirmando que só o Novo Testamento é que tem importância para estudo, considerando o Velho Testamento apenas como aspecto histórico.
Kardec não pensa assim e utiliza inclusive, o termo PRIMEIRA REVELAÇÃO, em lugar de “Velho Testamento”, o que está de pleno acordo com o significado hebraico de BERIT RISHON que significa Primeira Revelação.
Se fizermos um estudo no Livro dos Espíritos vamos encontrar observações do Espírito de Verdade e do próprio Kardec que demonstram um conceito diferente e de pleno acordo com o significado Bíblico.
Analisemos o que diz Kardec no Livro dos Espíritos, na questão 59, referente à criação. Kardec afirma que a Bíblia não é um erro, mas que os homens se equivocaram ao interpretá-la.
Na obra o Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec utiliza vários capítulos sobre temas da Primeira Revelação. E assim, temos: Primeiro capítulo. Não Vim Destruir a Lei, onde Kardec cita os Dez Mandamentos, todos extraídos do Êxodo capítulo 20. Quarto capítulo: Não pode ver o reino de Deus, senão aquele que renascer de novo, onde Kardec cita o profeta Isaías 26:19 e Jô 14: 10 e 14. Décimo quarto capítulo: Honrar Pai e Mãe, Êxodo 20:12.
Na questão 275, o Espírito de Verdade nos manda ler os Salmos. Na questão 560, cita o Eclesiastes como verdade superior.
Na questão 1009, Platão, em mensagem, afirma que é, no sentido relativo, que se deve interpretar os textos sagrados.
Na questão 1010, São Luís informa que “o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas”. Como se pode desconhecer estas colocações dos espíritos superiores?O Novo Testamento, para ratificar a sua autenticidade, cita os livros do Velho Testamento como os Salmos, os Provérbios, os profetas, além de inúmeras outras passagens. Veja por exemplo, o Evangelho de Mateus que foi escrito para os judeus convertidos ao cristianismo e apresenta citações do Antigo Testamento em todos os seus capítulos.
O Apocalipse de João, ditado pelo Cristo, possui 404 versículos, dos quais 278 referem-se ao Antigo Testamento. Será que as pessoas, que pensam assim com relação ao Antigo Testamento, estão corretas em seu raciocínio?
Emmanuel, em seu livro “A Caminho da Luz110”, na página 67, faz referência ao Judaísmo e ao Cristianismo.
Reproduzimos aqui o texto, na íntegra, para sua reflexão: “Estudando-se a trajetória do povo israelita, verifica-se que o Antigo Testamento é um repositório de conhecimentos secretos, dos iniciados do povo judeu, e que somente os grandes mestres deste povo poderiam interpretá-lo fielmente, nas épocas mais remotas.
Eminentes espiritualistas franceses, nestes últimos tempos, procuraram penetrar os seus obscuros segredos e, todavia, aproximando-se da realidade com referência às interpretações, não lhes foi possível solucionar os vastos problemas que as suas expressões oferecem.
Os livros dos profetas israelitas estão saturados de palavras enigmáticas e simbólicas, constituindo um monumento parcialmente decifrado da ciência secreta dos hebreus. Contudo, e não obstante a sua feição esfingética, é no conjunto um poema de eternas claridades. Seus cânticos de amor e de esperança atravessam as eras com o mesmo sabor indestrutível de crença e de beleza. É por isso que, a par do evangelho, está o Velho Testamento tocado de clarões imortais, ( grifos nossos) para a visão espiritual de todos os corações. Uma perfeita conexão reúne as duas leis, que representam duas etapas diferentes do progresso humano. Moisés, com a expressão rude de sua palavra primitiva, recebe do mundo espiritual as leis básicas do Sinai, construindo deste modo o grande alicerce do aperfeiçoamento moral do mundo; e Jesus, no Tabor, ensina a humanidade a desferir, das sombras da terra, o seu vôo divino para as luzes do céu”.
Que acha? Emmanuel está equivocado?
O que nos falta, na verdade, é o conhecimento mais aprimorado da Bíblia para descobrirmos que ela endossa a Doutrina dos espíritos e está de mãos dadas com ela. Que ambos se completam. Por isso, achamos inconcebível o desconhecimento destas questões, não só pelos espíritas, como também por todos os cristãos de qualquer credo religioso que em vez de procurarem compreender estas verdades através do estudo, passam, como a maioria das pessoas, a criticar o que desconhecem.
Vejamos o texto da questão 1010 do Livro dos Espíritos acerca da Bíblia:“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis. Mas como é chegado o tempo de não mais empregar a linguagem figurada, eles se exprimem sem alegoria e dão às coisas um sentido claro e preciso que não possa estar sujeito a nenhuma interpretação falsa. Eis porque, dentro de algum tempo, tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes que as que não tendes hoje”.
Vejamos, finalmente, a opinião de Jesus a respeito da Torá ou Primeira Revelação: “Não penseis que vim destruir a Torá (Bíblia) ou os profetas. Eu não vim para destruir, mas para cumprir”. Mateus 5;17. No versículo 18 deste mesmo capítulo Jesus acrescenta: “Em verdade vos digo: enquanto os céus e a terra não passarem, nem um “iud” nem um sinal da Torá passará antes que tudo seja cumprido”. O “iud” é a menor letra do alfabeto hebraico. Jesus quer dizer que tudo que tem na Torá é importante até mesmo a menor letra tem importância e que tudo que ali se encontra é verdadeiro e não passará nada da Torá sem acontecer ou ser cumprido conforme a vontade de Deus.
E conclui Jesus ainda no capítulo 5:19 de Mateus: “Assim, o homem que deturpa um desses mandamentos, por menor que seja, e o ensina aos homens, será chamado o menor no reino dos Céus. Mas quem pratica e ensina, este será chamado “Grande” no reino dos Céus”.
Estes três versículos (17,18 e 19) do cap. 5 do evangelho de Mateus servem para nossa análise sobre a opinião de Jesus sobre a Primeira Revelação.
Diante do exposto, ficam patentes as opiniões de Kardec, do Espírito de Verdade, de Emanuel e de Jesus sobre a Bíblia, Primeira Aliança ou Primeira Revelação.
Se você leitor, pessoalmente não gosta ou não aceita a Primeira Aliança ou Primeira Revelação, nós respeitamos a sua OPÇÃO PESSOAL, mas não utilize o nome da Doutrina Espírita, do espírito de Verdade, de Kardec ou de Jesus, para justificar sua opção, pois segundo os motivos expostos acima, todos dedicam respeito e recomendam o nosso entendimento e cumprimento do que existe na TORÁ.
Artigo
originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo, edição de de
2005 e reproduzido com autorização do autor
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